Estava em casa a ver televisão, quando alguém tocou na campainha. Fui abrir a porta e vi que era uma visita inesperada. Era a morte e disse-me:
-Venho buscar-te.
-Vens buscar-me, porquê?
-Porque roubaste uma estátua.
-Desculpa, mas não roubei nada!
-Não, não roubaste?
-Pois, não! Estás a fazer confusão!
-Não, não estou! Eu sei que foste tu!
-Okay, espertalhão. Tu dizes que fui eu. Agora diz-me, a que horas foi o roubo?
-Foi às 11 da noite.
-Quando é que foi?
-Foi anteontem.
-Oh, a essa hora estava a dormir! Só hoje é que vieste à minha casa.
-Então, só soube esta manhã.
-Oh, estiveste ocupado.
-O quê? Não estive nada.
-Ai não? Então o que é que estiveste a fazer?
-Estive… Sim, é verdade. Eu estive ocupado.
-Ah, então não me mintas. Agora vai-te embora e não me chateies.
-Eu não vou embora sem te levar.
-Já te disse que não fui eu! Não roubei a estátua!
-Não acredito em ti.
-Porquê?
-Porque que eu acho que estás a mentir.
-Eu não estou a mentir! Estou a dizer a verdade! Não fui eu, quantas vezes é que eu tenho de repetir? Não fui eu!!!
-Okay, mas eu estou de olho em ti!
A morte foi embora, mas quando foi embora apareceu uma estátua e era a que tinha sido roubada. A morte virou-se para mim e disse:
-Apanhei-te! Grande partida!
-O quê?!
-Parece que não percebeste. Isto tudo foi uma partida. Não houve nenhum roubo.
-Não houve?!
-Não! Hahahahahahah! Foste apanhado!
-Espera, então se isto foi uma partida, quer dizer que não és mesmo a morte.
-Não, sou mesmo a morte.
-Não és nada. Agora o que estás a fazer, faz parte da partida, não faz?
-Não, não faz. Eu sou mesmo a morte.
-Mentira, tu estás a tentar assustar-me.
-Ai, estou a mentir? Então puxa o meu dedo.
-Está bem.
Puxei o dedo da morte e saiu da mão. Foi aí que eu vi que era verdade, era mesmo a morte.
-Eu disse-te que sou mesmo a morte.
-Ahhhh! Mas é impossível! Tu… tu…
-Sim, é verdade.
-Pois, claro. Só descobri agora.
-Só descobriste agora o quê?
-Descobri agora que a estátua tinha aparecido de repente. Deves ter usado os teus poderes.
-E usei, tu é que não viste. Pronto, vou-me embora.
A morte foi-se embora, eu fui para dentro de casa e perguntei a mim próprio porque é que a morte me pregou uma partida, talvez porque lhe apeteceu e não tinha nada para fazer.